É, no mínimo, intrigante como as mídias das mais diversas glamourizam a nossa cultura bélica. É uma temática muito presente dentro da indústria cultural. Nos videogames é figura cativa desde sua criação, já que o seu surgimento, enquanto dispositivo eletrônico, está associado à tecnologia militar. Muitos jogos se debruçam nessa linha narrativa, sem problematizá-la. É a guerra como mercadoria e, acima de tudo, como entretenimento.
Nos Estados Unidos, a popularidade de jogos com essa temática tem explicação histórica. A construção da identidade nacional de lá se relaciona com os conflitos que o país participou ou investiu. É como se a guerra fosse um elemento unificador, constituindo parte do que é “ser” estadunidense. Não à toa, jogos como Call of Duty fazem um imenso sucesso na terra do tio Sam.
Boa parte desses jogos fomentam a ideologia neoliberal que coloca as Forças do “exército ocidental” como as guardiãs dos valores democráticos. Geralmente, a narrativa é maniqueísta e reforça estereótipos. A causa imperialista, que funciona como a real motivação para os conflitos, é deixada de lado, propositalmente. E a ideia de entretenimento esvazia o impacto desses discursos, nos alienando do seu real sentido e as contradições do mundo capitalista.
Poucos são os títulos, com foco nessa temática, que conseguem humanizar as mensagens de suas narrativas, tornando-as mais sensíveis ao jogador. No geral, o que vemos é a construção de um sentido positivo para o conflito. Morte e guerra viram mercadorias, que tem a finalidade de nos entreter. Sob essa lógica, os jogos de guerra acabam se tornando uma ferramenta de alienação, que propaga o discurso imperialista e justifica atrocidades como as que Israel vêm fazendo com a Palestina, por exemplo.
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